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O seu próximo colega de trabalho deverá ser um ROBÔ!

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É muito comum nos filmes de ficção cientifica o enredo de máquinas dominando o mundo onde robôs são personificados de modo a agirem como humanos. Apesar de ficção, sempre foi um desejo da humanidade a criação de robôs que pudessem executar tarefas em seu lugar e, nas últimas décadas, muitos trabalhos foram automatizados por robôs, principalmente processos produtivos dentro de fábricas utilizando braços robóticos, máquinas complexas e esteiras automáticas. Mas todos esses trabalhos são voltados a substituir habilidades físicas, o chamado trabalho braçal. Já imaginar um robô utilizando um computador para enviar e-mails, lançar notas, acessar sites e executar as atividades humanas no uso de sistemas no dia a dia pode soar como um futuro distante. Entretanto, com a Robotic Process Automation (RPA), isso já é uma realidade hoje.

O que são robôs?

Quando pensamos em robôs, imaginamos a sua personificação física: máquinas que tendem a imitar a aparência humana e replicar nossas emoções. No entanto, robôs não precisam ter um corpo físico, e podem existir apenas no mundo virtual. Esses robôs são mais conhecidos como bots, que são aplicativos programados para executar certas atividades em computadores. Muitos bots já estão presente no dia a dia das pessoas, como os pop-ups de sites de compras que conversam com o cliente, os chamados chatbotssoftwares de mensagens pré-programadas que respondem dependendo do que o usuário escreve.

Bots como esse já existem há um certo tempo, mas eles só eram capazes de executar tarefas simples, além de serem difíceis de desenvolver. Porém, com os avanços da tecnologia RPA, os bots estão mais sofisticados e hoje já são capazes de executar a maioria das ações humanas em um computador, desde simular o uso do mouse e do teclado até reconhecer imagens e atuar sobre elas. Com isso, eles são capazes de navegar na internet, receber e-mails, fazer cálculos, abrir arquivos, inserir dados em sistemas, preencher planilhas e até tomar decisões com base em regras pré-definidas. Mas não foram apenas suas capacidades que foram aprimoradas, mas como também sua acessibilidade. Atualmente, programar esse tipo de bot está bem mais fácil, e seu custo, bastante acessível.

 

Quais os Componentes de uma Solução de RPA?

O nome RPA significa em português “automação robótica de processos” e se refere ao uso de softwares para executar tarefas repetitivas, estruturadas e baseadas em regras. Seu funcionamento consiste em criar um script de instruções passo a passo a ser executado por um ou mais bots, sempre que acionado(s). Para isso, existem três componentes básicos da solução: o estúdio, que cria os scripts,; o robô, que é o bot que executará os scripts; e o orquestrador, que gerencia e monitora os robôs.

O estúdio é, geralmente, uma plataforma de desenvolvimento low code, em que é necessário baixo conhecimento de programação, onde é possível programar e testar o bot. É nela que são desenvolvidos todos os passos que serão realizados pelo robô e que deverão ser coordenados pelo orquestrador. A ideia é que o estúdio seja simples e intuitivo, para que, com poucas horas de programação, seja possível desenvolver a solução do seu robô.

O orquestrador é uma plataforma online que gerencia e monitora os robôs. O orquestrador se conecta aos robôs, onde é possível alocar tarefas para eles de forma manual ou programada por agendamento (data/hora, dias da semana, etc.). Além disso, é nele que é feito o monitoramento do funcionamento dos bots, acompanhando em tempo real os trabalhos realizados, registrando erros e enviando alertas.

O robô é o software que executará os scripts e pode ser ativado de forma manual ou remota via orquestrador. Ele precisa de um computador ligado para funcionar e, quando ativado, começa a executar os passos programados e simulará uma pessoa usando o computador. Por exemplo, se sua atividade for acessar um site, o robô abrirá um navegador, digitará o nome do site e dará “Enter”, do mesmo jeito que uma pessoa faria. É importante ressaltar que existem dois tipos de robôs: os assistidos e os não assistidos. Os assistidos precisam de uma pessoa utilizando o computador para comandá-los, como uma autêntico assistente pessoal. Já o não assistidos funcionam sozinhos, disparados por uma condição ou evento pré-definido (a chegada de um e-mail, dias/horas agendados etc.).

 

 

Benefícios e Limitações

A implementação de RPA nas empresas é apontada como uma solução essencial para o aumento de produtividade e redução de custos na Era Digital. Isso se dá por que os robôs podem executar atividades rapidamente, sem interrupções e de forma padronizada, uma vez que eles sempre executarão a mesma sequência de passos estabelecidos no script e, no caso de robôs não assistidos, podem funcionar 24 horas por dia. Mesmo assim, nem toda atividade robotizada trará ganhos de produtividade ou redução de custo. É preciso atentar para o retorno de investimento (ROI) da sua implementação. Atividades repetitivas de alto volume tendem a trazer maior retorno, mas é necessário avaliar aspectos como complexidade, regras de negócio e compatibilidade dos sistemas usados no processo.

É importante ressaltar que tecnologias RPA ainda possuem diversas limitações e, apesar de robôs serem mais rápidos e de errarem menos que humanos, eles não possuem habilidades cognitivas, como pensamento crítico, conhecimento técnico, criatividade ou capacidade de improvisar. O robô executa apropriadamente atividades objetivas onde existe um determinado padrão e com passos previamente estabelecidos. Situações que exigem análise qualitativa, ética e decisões subjetivas fogem de sua alçada. Ademais, existem limitações na parte tecnológica, pois nem todos os sistemas operacionais funcionam corretamente utilizando RPA. Nesse caso, existe a chance de o bot não ser capaz de interagir com algum software do processo.

A chegada de novas tecnologias sempre traz resistência e medo, nesse caso não é diferente. Existe uma grande preocupação com o impacto do RPA nas vagas do mercado de trabalho. No entanto, as limitações e finalidades do RPA tornam esse cenário improvável, pois sempre teremos tarefas que demandam habilidades cognitivas complexas. A tendência é que o RPA seja utilizado apenas para as tarefas burocráticas, liberando o tempo de trabalhadores humanos para focar no que realmente importa para o seu negócio, como atendimento ao cliente, tomada de decisão, criação de soluções e etc.

 

Conclusão

A tecnologia de Robotic Process Automation é uma oportunidade para aumentar a produtividade e acelerar o crescimento das empresas. Apesar de ser uma tecnologia recente e possuir muitas limitações, ela está evoluindo muito rapidamente. A cada dia, novas capacidades vêm sendo incorporadas, como, é o caso do Machine Learning e da Inteligência artificial. Com isso, tem havido um aumento na demanda e na oferta  desse tipo de solução, e já existem várias empresas nesse mercado. Alguns exemplos são UiPath, Automation Anywhere, Blue Prism e, mais recentemente, empresas consolidadas como Microsoft, Sumsung e IBM entraram para essa lista. A tendência é que nos próximos anos as empresas cada vez mais implementem uma força de trabalho digital e o seu próximo colega de trabalho seja… um robô.

 

Mateus Lyra, Process Analyst at P4Pro pFactory.

Carlos Sérgio Mota Silva, Director at P4Pro Consultoria.